Cineasta baiana vai ministrar oficina gratuita de Edição de Imagens
A mostra CineMulti de Itacaré vai oferecer ao público uma oficina de edição de imagens com a cineasta e jornalista Ceci Alves. Baiana de Salvador, Ceci esteve na mais recente edição de Festival de Cannes, apresentando seu filme Doido Lelé. O curta foi muito elogiado pela crítica e pelo público, e faturou aqui no Brasil vários prêmios em festivais e mostras de cinema. Entre eles, o Festival de Cinema de Jericoacoara, o Festival de Cinema Baiano, (FECIBA), realizado em Ilhéus, os Festivais de Canoa Quebrada, Maringá, Paraná, o Bahia Afro Film Festival, o Curtamazônia e a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis.
Ceci Alves assina direção e roteiro deste que é seu primeiro curta-metragem profissional. A inspiração veio do próprio pai. O filme conta a história do menino Caetano que na década de 50 sonha em ser cantor de rádio. Todas as noites ele foge de casa para tenta, sem sucesso, a sorte no programa de calouros. Até que uma noite ele aposta tudo numa louca e definitiva performance, que arranca gargalhadas do público.
Abaixo, uma breve entrevista com a cineasta que estará na Mostra CineMulti Itacaré.
Você estudou Jornalismo na Ufba e depois foi fazer cinema no conceituado colégio de Cuba. O meio acadêmico parece ser o melhor caminho para adentrar o mundo do cinema. Para aqueles que ainda estão longe de poder cursar uma universidade, qual seria uma maneira de começar?
Ceci - Assistir a muitos filmes, ler bastante, ver fotos, ir a exposições, ouvir músicas inspiradoras... Cultivar-se, para educar o olhar e ter o que dizer. E ter um ímpeto muito forte para querer falar suas verdades por imagens e sons. Estar em contato com as artes e se deixar contaminar por elas vai ajudar a transpor essas mesmas verdades para a tela do cinema/TV, em forma de imagem e som.
Você chegou a Cannes, o “sonho impossível “ de todo o cineasta. Como foi lá?
Ceci - Foi um sonho, mesmo. É um ambiente em que se fala, vive e respira cinema todos os 10 dias de duração do festival, o dia inteiro. Foi muito proveitoso para o filme, no tocante à distribuição e no alcance de exibição. Foi um sonho, mais não foi impossível. Foi a conseqüência do trabalho duro, árduo e apurado de minha equipe, a partir de minha idéia. Foram eles que fizeram acontecer e devo isso a eles. E isso não é um ideal que deva ser encarado como inacessível. O cinema é uma linguagem universal, a materialização dos sentimentos, tem que tocar a todos. Chegar a todos os cantos da humanidade. E o Festival de Cannes é mais um festival de cinema, que tem que dar acesso a todos.
Como nós podemos alcançar as produções cinematográficas extra-hollywood daqui de onde estamos?
Ceci - Eu acredito muito na força dos cineclubes. E hoje, com a internet, as coisas estão mais fáceis e acessíveis. O que acho uma pena é que o gargalo da distribuição/exibição no Brasil parece um problema insolúvel. É um problema de política pública que não é levado com a devida seriedade neste país de proporções monumentais.
Porque, na sua opinião, as produções cinematográficas, e a arte brasileira de modo geral tem dificuldade de emplacar no Brasil?
Ceci - Porque arte e cultura no Brasil nunca é prioridade de governo. É sempre encarada como artigo de segundo plano, brinquedo das elites, quando é, na verdade, um elemento de suma importância para o incremento do Índice de Desenvolvimento Humano. Mas, é como diz o Rei Roberto: "Eles estão surdos".
Você vai ministrar uma oficina de Edição de Imagens em Itacaré e, provavelmente, a maioria de seus alunos nunca haverá pegado numa câmera, nem teve contato com softwares de edição. Que desafios ou dificuldades você espera encontrar?
Ceci - Não acho que haverá desafios nem dificuldades. Acho que encontrarei um público disposto a aprender e que, forçosamente já teve contato com o audiovisual e a sua natural estrutura fragmentada. O que penso em fazer é ajudá-los a perceber a técnica daquilo a que eles vêm sendo expostos durante toda a sua vida e desmontar o relógio com eles, juntos.
O que você anda aprontando agora?
Ceci - Hahahahahaha... Adorei "aprontando"! Ando cuidando da distribuição de Doido Lelé, e na produção de um novo curta e de um longa documental para 2012.
Por Fernanda Pennachia Casonatti – Assessoria de Comunicação
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